07/10/2011

Prémio Nobel da Literatura de 2011

Tomas Tranströmer, poeta sueco, é o Prémio Nobel da Literatura de 2011.


Escreve sobre a morte, a história, a memória e é conhecido pelas suas metáforas.




Transcrevemos, aqui, dois dos seus poemas:

A ÁRVORE E A NUVEM

Uma árvore anda de aqui para ali sob a chuva,

com pressa, ante nós, derramando-se na cinza.

Leva um recado. Da chuva arranca vida

como um melro ante um jardim de fruta.


Quando a chuva cessa, detém-se a árvore.

Vislumbramo-la direita, quieta em noites claras,

à espera, como nós, do instante

em que flocos de neve floresçam no espaço.

(1962)



PÁSSAROS MATINAIS

Desperto o automóvel

que tem o pára-brisas coberto de pólen.

Coloco os óculos de sol.

O canto dos pássaros escurece.


Enquanto isso outro homem compra um diário

na estação de comboio

junto a um grande vagão de carga

completamente vermelho de ferrugem

que cintila ao sol.


Não há vazios por aqui.


Cruza o calor da primavera um corredor frio

por onde alguém entra depressa

e conta que como foi caluniado

até na Direcção.


Por uma parte de trás da paisagem

chega a gralha

negra e branca. Pássaro agoirento.

E o melro que se move em todas as direcções

até que tudo seja um desenho a carvão,

salvo a roupa branca na corda de estender:

um coro da Palestina:


Não há vazios por aqui.


É fantástico sentir como cresce o meu poema

enquanto me vou encolhendo

Cresce, ocupa o meu lugar.


Desloca-me.

Expulsa-me do ninho.

O poema está pronto.

(1966)

Sem comentários:

Enviar um comentário